quinta-feira, 3 de julho de 2014

guias

Quando voltou a si, estava parado ao lado de um coreto na avenida central. Um céu azul bem constante acima das copas das árvores. Ao seu lado, uma criança afirmou com convicção: mas você é tão certinho!
As sombras do meio dia sobre as pedras portuguesas e aquela petulância bem ao lado, tudo em uma avenida, tudo em pleno outono. Um pouco confusa com as conflitantes informações, andou até o que julgou ser um ponto de ônibus – viu que um se aproximava. Tão logo entrou, olhou para o coreto e nenhuma criança se encontrava lá.
Derramou-se no lado direito do ônibus, um assento bem confortável, ar-condicionado, uma tv passando informações inúteis sobre a rede de transportes rodoviários. Percebeu que alguns poucos estudantes se encontravam concentrados em leituras aparentemente densas. As testas franzidas não mentiam.
Apesar do outono, abriu a janela e foi alvejado por uma violenta corrente de ar gelado. A cidade imponente era especialmente gelada. Uma arrancada do ônibus colocou toda aquela gente sobre uma ponte – um rio de águas quase paradas se estendia sob a magnifica e alta ponte. Ao fundo, uma serra. O entardecer tornava a paisagem digna de uma pintura holandesa.
Pediu para descer tão logo atravessaram chegaram à outra margem. A boa madrugada, a fria e boa madrugada começara e poucos transeuntes passavam pela enorme praça que se formava à beira do rio. Ela era a única que caminhava só. As palmeiras e as plantas baixas eram refúgios de ratos, sabia porque já tinha vivido o suficiente para saber das vidas que se escondiam nas sombras.
Sentou-se em uma muretinha baixa e ficou ouvindo as ondas, afinal, a essa altura do dia, nada mais se via. Porém, passando a mão pela pedra fria, descobriu um papel dobrado. Ele foi até perto de um poste e descobriu que se tratava de um mapa, todo escrito em português: o Guia Certo.
Ouviu algumas pessoas falando em inglês, riam alto e caminhavam junto ao pequeno canal que desaguava logo ali. Quando voltou a si, ainda parecia segurar o tal Guia. Mas agora estava deitada.

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